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Artesão produz facas, instrumentos de corte e máquinas para cutelaria, em Balsas

Arte milenar de produzir instrumentos de corte; uma profissão que exige talento e habilidade.

Fabricante de facas e máquinas para cutelaria, o artesão Haroldo de Aquino Brito trabalha em um oficina de cutelaria artesanal no fundo de sua própria casa, no bairro Jardim Iracema, em Balsas (MA), onde produz sob encomendas máquinas para cutelaria e facas de tipos variados.

Trabalhando ainda na informalidade, Haroldo está registrando a marca Pichinxa Facas Artesanais. O autodidata está inscrito no curso de cutelaria de fabricação de facas artesanais, onde produzirá o modelo hunter, peça pequena com 10 cm de lâmina, e uma autêntica faca gaúcha com bombinha. “No final, tudo dando certo, receberei o meu diploma de formação em cutelaria”, disse.

Haroldo Brito iniciou suas atividades como serralheiro, a sua primeira profissão, quando aprendeu a trabalhar com ferro em 1993, passando por várias serralherias. “Muitas pessoas me deram oportunidades de trabalhar e desenvolver. Quando fiquei desempregado, decidi trabalhar por conta própria. Comecei a prestar serviços para algumas fazendas, dentre elas, o Condomínio Agrícola Câmera e Soldatelli, através do senhor Darcy Câmera, com o qual descobri a arte da cutelaria. Na internet conheci um profissional do sul do país, entrei em contato com ele, contei minha história, disse que não sabia o ofício e ele afirmou que me ajudaria e ensinaria, inclusive continua me dando suporte até agora”.

Após assistir vários vídeos e ouvir explicações do amigo, começou a fabricar as máquinas para a sua cutelaria. “Com paciência, fazendo, errando, refazendo. Por fim, fabriquei a lixadeira Fita; a máquina martelete, para facas mais grossas; a forja, utilizada para aquecer metais. Todas as máquinas da minha cutelaria fui eu quem fabriquei. Minhas primeiras peças foram 30 facas que doei para amigos que me ajudaram”.

Na cutelaria já foram fabricadas e comercializadas 30 máquinas e mais de 200 facas de tipos variadas, produzidas por encomendas para mais de 15 estados do Brasil. A Pichinxa Facas Artesanais continua produzindo máquinas, garfos, afiadores, facas e bainha, estojos para coleções, tudo de forma artesanal. “As facas são personalizadas, o cliente explica como quer o modelo e a gente produz. É um trabalho feito com paciência, até chegar naquilo que a gente deseja. O melhor é a satisfação quando a gente termina de fazer uma peça que é uma verdadeira obra de arte”.

Para construir as lâminas, são utilizados aços do ferro-velho que são cortados e preparados. Utilizamos discos de plantadeira, de niveladora, sabre (lâmina) de motosserra, molas de carro e de trem; chifre, casco e ossos bovinos e casco de equinos fazem a parte de empunhadura (cabo). Os estojos para as facas são de madeira reaproveitada”.

Além de vender os produtos exclusivos diretamente ao consumidor final, os clientes são, em maioria, colecionadores de facas, açougueiros, churrasqueiros, caçadores e pescadores. Os preços são variados e seguem os padrões de tamanho e detalhes.

Sem nenhum incentivo de órgãos públicos, Haroldo desenvolve o trabalho apenas com esforço pessoal e ajuda dos amigos. “É assim: vendo uma faca hoje, compro matéria prima para continuar. É um trabalho com muito esforço. Alguns dias eu fico até as 23h trabalhando sem parar, obedecendo os processos de produção, fazendo o recozimento do material, normalização, para chegar ao produto final, o que leva em média 4 dias”.

Haroldo tem conquistado a simpatia popular e muitos amigos, como Eugênio Pires, gestor regional da Aged em Balsas. “Trabalha com todo o seu esforço e habilidade artística manual, com auxílio apenas de máquinas operatrizes que ele mesmo fabrica. São facas sem produção em larga escala, mas com status de artigo de luxo, único. Produz material de excelente qualidade, reconhecido nacionalmente. Admiro muito o trabalho de artesãos, especialmente do amigo em questão. Sou torcedor e cliente do Pichinxa Facas e espero que ele cresça cada vez mais nessa arte da cutelaria”, destacou.

Outro incentivador é o Tenente Coronel Medeiros, comandante do 4º BPM. “É uma pessoa humilde, trabalhadora, especialista em cutelaria. Ele transforma esse aço bruto numa obra de arte, fazendo facas artesanais de excelente qualidade. De aluno a professor, nos fundos de sua casa ele faz seu ofício. Fiquei admirado com a força de vontade e dedicação com o que faz. As facas, que aqui no Maranhão não são valorizadas, são exportadas para diversos estados”.

A história da cutelaria remonta ao período Paleolítico (pré-história). Desde então, o homem procurou se especializar na prática milenar de produzir instrumentos de corte de forma artística; uma profissão que exige talento e habilidade.

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Tenente Coronel Juarez Medeiros em visita a cutelaria, apreciando modelos exclusivos de facas – Foto reprodução
Eugênio Pires cliente e incentivador da cutelaria – Foto Emanuel Lemos
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