
A eficácia do óleo extraído da semente de açaí no combate ao câncer colorretal é o foco do estudo “Análise dos efeitos do óleo da semente de açaí (Euterpe oleracea Mart.) em modelo de colite/câncer colorretal”, da bióloga e pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), Laís Araújo Souza Wolff.
Fruto amplamente presente na região amazônica, o açaí já é conhecido por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e terapêuticas, tendo ganhando atenção internacional por seus benefícios à saúde.
A pesquisa, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), abre portas para alternativas terapêuticas de baixo custo e com menor toxicidade, contribuindo para a saúde pública no estado.
O trabalho, que teve coordenação da médica oncologista Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento, tem base sólida, com resultados publicados em revistas científicas de alto impacto.
“Os achados já publicados reforçam ainda mais a importância da exploração de compostos naturais como potenciais agentes quimiopreventivos e terapêuticos contra o câncer colorretal. Além disso, valorizarem a biodiversidade do Maranhão como fonte de novas estratégias na oncologia”, observa Laís Wolff, que é mestranda em Saúde do Adulto, pela Ufma.
A pesquisa com o açaí vem de uma linha de estudos iniciada ainda na graduação, conta a pesquisadora, que desde então, explora as potencialidades do produto na saúde. Para avaliar o potencial do fruto, foram realizados estudos in vitro e in vivo, explica Laís Wolf. Nos estudos in vitro, o óleo da semente de açaí apresentou atividade citotóxica contra células de adenocarcinoma colorretal, mostrando um potencial efeito antitumoral.
Estes experimentos mostraram ainda que o óleo do açaí interfere no ciclo celular das células tumorais. “Isto pode indicar um mecanismo de ação na célula”, observa. Nos estudos in vivo, que ainda estão em andamento, é utilizado modelo experimental de câncer colorretal induzido quimicamente. “Mas, há progressos com os resultados in vitro, que mostraram ser importante haver equilíbrio na administração de compostos naturais e identificamos potencial do óleo da semente de açaí como modulador do microambiente tumoral”, enumera.
O presidente da Fapema, Nordman Wall, enfatiza que “a instituição tem orgulho em apoiar estudos que venham a gerar impacto na sociedade e trazer avanços reais para a saúde pública”.
Importância para o Maranhão
O câncer colorretal é uma das principais causas de mortalidade por câncer no Brasil, e o Maranhão apresenta uma incidência crescente deste tipo de neoplasia. Fatores como dieta pobre em fibras, predisposição genética e inflamação crônica intestinal têm contribuído para esse aumento. O açaí pode ter importante atuação na quimioprevenção.
Portanto, a pesquisadora seguirá estudando os mecanismos, para elucidar as vias moleculares envolvidas no efeito do óleo e sua interação com proteínas-chave da progressão tumoral. A continuidade do estudo inclui ainda, realização de ensaios clínicos preliminares, para testar a segurança e eficácia do composto em pacientes de alto risco para câncer. Outros testes contemplam ações para otimizar a dose em novos modelos experimentais e assim, determinar a concentração ideal, com máximo benefício e mínima toxicidade para o paciente em tratamento.
Posteriormente, a pesquisa espera ter base para o desenvolvimento de formulações farmacêuticas, como nanopartículas ou emulsões, que podem melhorar a biodisponibilidade do óleo da semente de açaí são outras ações a serem executadas pela pesquisadora. “Queremos que o óleo da semente de açaí se torne uma alternativa viável na prevenção e tratamento do câncer colorretal e seja opção terapêutica acessível e eficaz para a população maranhense e, quem sabe, para o mundo”, vislumbra.
Laís Wolff aponta o apoio da Fapema como diferencial para o desenvolvimento e avanço da pesquisa, garantindo apoio financeiro para a aquisição de insumos, equipamentos e infraestrutura. “Um apoio que contribui diretamente para o fortalecimento da pesquisa científica no Maranhão e para o avanço de estudos inovadores como o nosso,” afirma a pesquisadora. Ela acrescenta que este suporte auxilia na aquisição de equipamentos, incentiva a formação de novos pesquisadores e contribui para o fortalecimento da ciência no estado.
O Maranhão se informa aqui – Dinheiro esquecido do PIS/Pasep: mais de 10 milhões de brasileiros têm valores a receber
A pesquisa abre portas para alternativas terapêuticas de baixo custo e com menor toxicidade, contribuindo para a saúde pública no estado. #OMaranhaoSeInformaAqui