Aliança da Terra inicia no Parque do Mirador ações para fortalecer a gestão do fogo no Maranhão
A gestão do fogo no Maranhão acaba de ganhar um reforço de peso com a chegada da Aliança da Terra e da Brigada Aliança ao estado. No final do mês de fevereiro, a organização realizou suas primeiras ações no Parque Estadual de Mirador, a maior unidade de conservação maranhense e uma das maiores do Brasil.
A iniciativa visa fortalecer estratégias de prevenção e controle de incêndios florestais para a elaboração do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF).
Em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA), por meio da Superintendência de Biodiversidade e Áreas Protegidas e do Laboratório de Geoprocessamento, a Aliança da Terra realizou uma visita técnica e quatro Oficinas Comunitárias, envolvendo 260 moradores e representantes de 47 comunidades do entorno.
PMIF: Um novo caminho para a gestão do fogo
O Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) é um instrumento para uma gestão mais eficiente e adaptativa do fogo, reconhecendo que a prevenção começa com a escuta ativa das comunidades locais. O plano busca integrar aspectos ambientais, ecológicos, sociais, econômicos e culturais, garantindo a participação ativa dos moradores no planejamento e na execução das estratégias de manejo.
“A política de fogo zero já demonstrou ser ineficaz. O PMIF busca respeitar as singularidades locais e integrar os diferentes saberes – científico, técnico e tradicionais para mitigar os riscos e tornar o uso do fogo mais seguro”, destacou a Gerente de Projetos da Aliança da Terra, Joisiane Araujo.
As quatro Oficinas Comunitárias realizadas no Parque Estadual de Mirador foram essenciais para compreender como os moradores utilizam o fogo e como essas práticas podem ser adaptadas para reduzir riscos ambientais. Historicamente, as comunidades locais recorrem ao uso do fogo para manejar as áreas agrícolas e para a renovação de pastagens, mas também enfrentam desafios relacionados a grandes incêndios.
“Nosso objetivo foi entender como o fogo é utilizado, o que funcionava no passado e o que pode ser ajustado para o presente, construindo um planejamento realista e de forma colaborativa”, explicou Joisiane. “Essas comunidades são fundamentais para a conservação do parque. Ao envolvê-las, conseguimos desenvolver estratégias para a gestão do fogo que respeitam suas histórias e modos de vida práticas e sustentáveis para a gestão do fogo.”
Além de mapear as práticas tradicionais, as oficinas também abriram espaço para que os moradores expressassem suas principais preocupações e demandas. Muitos relataram a necessidade de capacitação para combater os incêndios, já que muitas vezes precisam lidar com as chamas para proteger suas casas, mesmo sem preparo ou equipamentos adequados.
Visita técnica
Além das oficinas, a equipe da Aliança da Terra e da SEMA realizaram uma visita técnica para avaliar os impactos do fogo na vegetação do Parque Estadual de Mirador. Durante a visita, foram identificadas áreas com alta recorrência de incêndios, algumas delas queimadas várias vezes nos últimos sete anos.
“Encontramos algumas regiões críticas, mas, ao mesmo tempo, verificamos que, de forma geral, o parque se mantém bem preservado. E, assim, olhando apenas dados de satélite, nós não tínhamos essa dimensão”, pontuou Joisiane. “Nessa visita técnica, a gente também avaliou o acúmulo de material combustível, tentando identificar já estratégias que poderiam ser utilizadas para reduzir os riscos de incêndio, se seria possível abertura ou reabertura de estradas, de trilhas, de aceiros, entre outras estratégias. Tudo isso em conjunto com a Sema do Maranhão”, completou.
Um marco para a Aliança da Terra
A elaboração do PMIF para o Parque Estadual de Mirador marca a estreia da Aliança da Terra no Maranhão e representa um passo importante na gestão do fogo no estado.
O plano faz parte do Programa Comunidades Tradicionais, Povos Indígenas e Áreas Protegidas nos Biomas Amazônia e Cerrado (Copaíbas), uma iniciativa financiada pela Iniciativa Internacional do Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e gerenciada pelo Funbio.
O Parque Estadual de Mirador será a primeira unidade de conservação do Maranhão a contar com um plano específico para o manejo do fogo, tornando-se referência para todo o estado.
“Com o PMIF, queremos transformar a forma como o fogo é gerenciado, respeitando o conhecimento das comunidades e desenvolvendo estratégias condizentes com a realidade”, concluiu Joisiane.
A parceria entre a Aliança da Terra, a SEMA e as comunidades locais reforça a importância do diálogo e da construção coletiva para um manejo sustentável e seguro do fogo.
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O Parque Estadual de Mirador, a maior unidade de conservação do estado, será a primeira do Maranhão a contar com um plano específico para o manejo integrado do fogo. #OMaranhaoSeInformaAqui
Por Rafaela Conte
