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Pesquisadores da UFMA descobrem propriedades fotoprotetoras e antioxidantes na farinha do mesocarpo do babaçu

Pesquisadores do Laboratório de Fisiopatologia e Investigação Terapêutica (LaFIT) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Câmpus Imperatriz, realizaram descobertas significativas sobre o babaçu. O estudo revelou que a farinha do mesocarpo do babaçu, uma palmeira nativa do Maranhão, contém propriedades fotoprotetoras e antioxidantes.

Os resultados dessa pesquisa foram publicados na revista Acta Amazônica, destacando os extratos da farinha do mesocarpo do babaçu como uma importante medida de proteção solar e ação antioxidante. Os estudos in vitro demonstraram que esse componente se mostra como um aliado essencial na preservação e cuidado da pele.

A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado de Mércia Machado, do Programa de Pós-graduação em Saúde e Tecnologia (PPGST), orientado pelo professor Aramys Silva dos Reis, do LaFIT, e coorientado pelo professor Richard Pereira Dutra, do Laboratório de Química de Produtos Naturais da UFMA, além de contar com a colaboração da professora Rosane Nassar Meireles Guerra, do Laboratório de Imunofisiologia da UFMA. O artigo científico gerado com base na dissertação, intitulado “Photoprotective and antioxidant effect of babaçu mesocarp flour extracts”, contou, além da colaboração dos citados acima, com outros autores, como Yaron Santos Alencar, Caroline Martins de Jesus, Tatielle Gomes Dias e Jaqueline Daniele Santos Barros.

Docente do Programa de Pós-graduação de Saúde e Tecnologia (PPGST) e do Curso de Medicina de Imperatriz e coordenador do projeto, Aramys Reis explica sobre os principais objetivos do estudo. “Esse é um trabalho inédito. Até então, não tínhamos relatos de que a farinha do mesocarpo do babaçu poderia ser uma agente fotoprotetor, ou seja, que poderia nos proteger contra a radiação solar. Nesse trabalho, mostramos, pela primeira vez, que isso é possível. São os primeiros estudos. Agora estamos avançando, buscando saber as melhores concentrações e desenvolvendo formulações inovadoras para uso na pele. Para a comunidade maranhense, a pesquisa tem um valor especial, pois valoriza um elemento cultural e econômico da região, o babaçu.

A descoberta de novas aplicações para o babaçu pode fortalecer a economia local, beneficiando as comunidades que dependem do extrativismo dessa palmeira. Além disso, coloca o Maranhão na vanguarda na promoção de práticas ambientalmente sustentáveis por meio do estudo que visam ao desenvolvimento de protetores solares seguros e de origem natural”.

Richard Pereira Dutra, coorientador da pesquisa, destaca a importância da descoberta e como ela pode influenciar positivamente não somente o mercado, mas também a sociedade em geral com o uso de matéria-prima nacional, fortalecendo a cultura e a economia, além de demonstrar a importância de programas de pós-graduação que abrangem mais regiões: “A pesquisa em si tem caráter inovador, explorando o uso inédito do babaçu em formulações cosméticas fotoprotetoras. Esse aspecto inovador não apenas contribui para o avanço do conhecimento científico na área, mas também possui implicações práticas importantes, especialmente no contexto da sustentabilidade e do aproveitamento sustentável dos recursos naturais.

A pesquisa também desempenhou um papel crucial na formação de recursos humanos para a região, que apresenta poucos programas de pós-graduação”, explica. Para Richard, a utilização do babaçu em formulações cosméticas fotoprotetoras não apenas abre novas possibilidades na indústria cosmética, mas também destaca a importância da pesquisa científica na busca por alternativas mais sustentáveis e eficazes, além de gerar renda para comunidades tradicionais como as quebradeiras de coco babaçu.

Uma das autoras do artigo publicado na revista Acta Amazônica, Mércia Machado, explica sobre a origem da pesquisa e a oportunidade de colocar o Maranhão e os frutos encontrados no estado no mapa científico nacional e também internacional com uma importância grandiosa no setor de cosméticos e proteção solar.

“A pesquisa sobre o Babaçu teve início com o nosso grupo, que, há mais de quinze anos, se dedica ao estudo dessa matéria-prima regional. Nossa equipe tem focado em avaliar as propriedades farmacológicas, especialmente do mesocarpo e do óleo do babaçu. Esse trabalho começou sob a liderança da professora Dra. Rosane Guerra, do Departamento de Patologia da UFMA em São Luís. Mais recentemente, o Câmpus de Imperatriz passou a participar de um Instituto de Pesquisa do Babaçu, coordenado pela própria professora Rosane.

O professor Aramys Reis, meu orientador, e o professor Richard Dutra, meu coorientador, me propuseram investigar a atividade fotoprotetora do mesocarpo do babaçu, com o objetivo de desenvolver produtos para a pele. Já existiam alguns estudos indicando que o mesocarpo continha compostos fenólicos com potencial ação fotoprotetora e antioxidante. Resolvemos testar essa hipótese, e os resultados foram incríveis. O nosso grupo não se limita ao babaçu, estudamos também outros produtos regionais como o buriti, o mastruz e o gervão”, menciona.

Ao ser questionada sobre o que a pesquisa representa para a Universidade e para o Câmpus de Imperatriz, Mércia afirma: “A descoberta é um marco significativo tanto para a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) quanto para o Câmpus de Imperatriz. Ela evidencia o compromisso da UFMA com a inovação, especialmente na busca por desenvolver produtos que promovam a saúde e o bem-estar da população, valorizando recursos regionais. Essa pesquisa coloca o Câmpus de Imperatriz em destaque, consolidando-o como um centro de referência em estudos de bioprodutos. Isso reforça a vocação da Universidade para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológicos, além de fortalecer o programa de pós-graduação em saúde e tecnologia. Esse avanço não só beneficia o meio acadêmico, mas também contribui, de maneira prática, para a sociedade, demonstrando o papel vital da Universidade na comunidade científica e na vida cotidiana das pessoas”.

O estudo demonstra grande importância científica e social ao ser inserido no contexto global, originado da preocupação geral com os efeitos nocivos da exposição solar, e a descoberta de alternativas naturais e eficientes para proteção solar se demonstra essencial.

A pesquisa traz um significado especial para os pesquisadores maranhenses por se tratar de um recurso natural encontrado no estado, o babaçu, que é um forte elemento cultural e econômico local. A descoberta carrega a vontade social em impulsionar a produção local de ciência, além de originar espaços que serão ocupados pela produção com matérias primas originadas dentro do contexto nacional, beneficiando comunidades que dependem da extração do babaçu e a promoção de práticas sustentáveis.

Os resultados da pesquisa indicam que o extrato do mesocarpo do babaçu contém alta atividade antioxidante, assim protegendo a pele contra radicais livres gerados pela exposição solar excessiva. O extrato preparado com água e álcool (extrato hidroetanólico), destacou-se pelo Fator de Proteção Solar (FPS) de 16,69, enquanto o feito apenas com água (extrato aquoso), registrou um FPS de 14,83, indicando que ambas as formas de preparação têm potencial de uso como protetor solar, sendo o hidroetanólico mais potente.

A Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) foi responsável pelo financiamento do estudo. Além disso, a pesquisa contou com o apoio e financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. O artigo pode ser acessado através do link.

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A descoberta de novas aplicações para o babaçu pode fortalecer a economia local, beneficiando as comunidades que dependem do extrativismo dessa palmeira. #OMaranhaoSeInformaAqui

Fonte: Aramys Silva dos Reis (Docente UFMA de Imperatriz)

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