A Polícia Rodoviária Federal (PRF), com o apoio das polícias civis do Maranhão e da Bahia, deflagrou, entre os dias 2 e 10 de novembro, a Operação Hircus IV, que teve como objetivo o combate à fraudes veiculares e a recuperação de veículos adulterados, roubados ou furtados que circulavam nesses dois estados. A operação foi executada em 32 municípios e resultou na prisão de 95 pessoas e na recuperação de 76 motocicletas e 51 automóveis, totalizando 127 veículos, além da apreensão de diversos documentos falsos e outros itens ligados à fraudes veiculares.
A operação contou com cerca de 50 agentes da PRF atuando por dia, durante os 8 dias de ação operacional. Todos os agentes envolvidos são especializados no combate à fraudes veiculares e de apoio de inteligência. No Maranhão, os policiais atuaram nos municípios do sudoeste e na baixada maranhense, além de ações na região dos Lençóis, Baixo Parnaíba, Cocais e no centro do estado. Na Bahia, os policiais concentraram suas ações em regiões distantes da capital, especialmente no oeste do estado.
Em uma das fases da operação Hircus IV, a PRF prendeu um homem de 42 anos identificado como o maior receptador de veículos roubados do oeste baiano. Com ele foram encontrados uma caminhonete e uma motocicleta roubadas, que seriam adulteradas e posteriormente revendidas, além de grande quantidade de documentos falsos. Logo após a sua prisão, foram recuperamos outros seis veículos que já haviam sido vendidos por ele e estavam em posse de outras pessoas que também foram presas pelo crime de receptação.
Como funciona o crime
O crime de fraudes veiculares resulta em múltiplas vítimas e está dividido em três fases distintas: o roubo, a adulteração e a revenda.
Na primeira fase, claramente foi identificada a primeira vítima, que é a pessoa que teve seu veículo furtado ou roubado e, neste último caso, frequentemente com o uso de violência por parte dos criminosos.
Na segunda fase, a adulteração, os criminosos trocam a identificação do veículo e seus documentos para que pareça ser um veículo regular, também conhecida como clonagem. Neste momento, o veículo recebe placas de outro veículo idêntico e o proprietário desse veículo, que se encontra em situação regular, torna-se a segunda vítima dos criminosos, pois passa, muitas vezes, a receber multas de trânsito por infrações relacionadas ao veículo clonado.
A terceira e última fase é a revenda, alimentada pelo comércio ilegal desses veículos clonados, muitas vezes negociados em sites na internet por valores inferiores ao preço real do veículo. Nesta terceira fase do crime, a terceira vítima em potencial, o comprador, inadvertidamente, passa a ter a posse do veículo clonado.
Histórico: Somadas, as quatro edições da Operação Hircus resultaram na recuperação de mais de 500 veículos. A primeira edição ocorreu no estado do Piauí, em 2013, onde foram apreendidos 123 veículos com ocorrência de roubo ou furto. A segunda edição aconteceu simultaneamente nos estados do Piauí e Bahia, totalizando 164 veículos recuperados. A Hircus III, deflagrada no Maranhão no ano passado, resultou em 105 veículos apreendidos. A edição atual soma 127 veículos recuperados nos dois estados.
O nome da operação, Hircus, se refere à uma variedade de caprinos presente na região do nordeste brasileiro. Na linguagem policial, o “cabrito” designa um veículo de procedência ilícita: roubado, furtado, adulterado ou clonado.